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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Meu eu em você

      Então, num belo dia (na verdade, um dia bem comum, de chuva em Dublin), eu acordei pensando do que somos feitos. E não era aquela questão de mente e coração; personalidade, caráter e temperamento; corpo, alma e espírito; do que comemos; do que pensamos. Nada muito complexo assim... Só pensei em átomos. Okay! Átomos são complexos, mas é Física, ciências exatas. E eu sabia que chegaria na resposta que eu queria!
      Toda a matéria (conhecida) do universo é composta por átomos, que por sua vez, são formados por partículas ainda menores chamadas prótons, elétrons e nêutrons. Estes ainda formados por quarks, que devido a um fenômeno conhecido como confinamento, quarks nunca são diretamente observados ou encontrados isoladamente. 
      O curioso é que 99,9% do interior do átomo é um espaço vazio. Seu núcleo é uma cabeça de alfinete, se comparada ao estádio do Maracanã. Realmente há muito espaço “vago” dentro de cada átomo. O que nos faz concluir que nunca, em hipótese alguma, encostamos realmente em outras coisas ou pessoas. Quando nos aproximamos muito de um corpo, temos a sensação de o estar tocando. Mas lá dentro o que realmente acontece é repulsão elétrica. Resumidamente, trata-se de um fenômeno onde duas partículas de cargas elétricas iguais se repelem. Isso significa que chegamos muito perto de outros corpos, mas nunca realmente o tocamos.
    Conforme aumentamos a força de nossa mão (ou qualquer parte do corpo) contra outra superfície, maior é a força de repulsão que impede que ambos os corpos se atravessem. Em outras palavras, sempre haverá um espaço invisível ao olho humano entre dois corpos que estão aparentemente juntos.
      E essa descoberta foi muito frustrante pra mim. E pensar que todos os nossos abraços, toques, beijos e mãos entrelaçadas nunca existiram realmente. O que a Física não sabe é que somos diferentes, tão diferentes, que eu duvido nossas cargas elétricas serem iguais. Você é arroz, eu sou feijão, você é a calmaria, eu a tempestade, você pensando em abraçar o mundo, e eu com o pé no chão, você não é de se expresar, eu sou expressão da cabeça aos pés, você é silencioso quanto aos problemas, eu falação, você guarda, eu gasto, você guerra, eu comédia romântica, você Fandangos, eu Pringles, você casa, eu parque, você refri, eu suco, você açúcar e eu sal. E por aí vai... O que a Física talvez não saiba também, é que dois corpos podem sim, ocupar o mesmo lugar no espaço. Nós faremos isso! E eu estarei onde ele estiver. Na cidade que escolhermos, no bairro, e na mesma casa. Com o mesmo propósito, em um só coração e objetivo. E assim, até alcançar o mesmo lugar. Sem ganhar, nem perder, mas chegando junto, um a um. A Física também não deve saber, que eu tenho evidências de que podemos nos tocar. Se assim não fosse, eu não teria sentido isso em meu coração, todas as vezes que você me encostou. 
      Os dispostos se atraem! E tudo bem se a Física não for exata dessa vez. Tudo bem se ela falhou. Ou se nós somos a exceção. O que eu sei é que você me completa, tudo que me falta, você tem. E você é a melhor parte de mim. E Todos os dias, eu me apaixono por você. E todos os dias de um jeito diferente. E quando você me toca, eu sei, nada dentro de mim está se repelindo. Pelo contrário, estou me fundindo a você cada vez mais. E estarei aqui, atraída por você, até sermos um, naquele grande dia. E para sempre e sempre!