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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Desapega!



Abrir mão. Deixar ir. Desapegar. Isso liberta de alguma forma. Por mais que nos aprisione em lembranças do que poderia ter sido. Porque simplesmente eu estava cansada de dar errado. De deixar pra lá. De dizer adeus. De admitir pra mim mesma que estava errada sobre alguém. E tentar e insistir. Não podemos moldar ninguém. Aprendi que não adianta querer muito dar certo. Certo mesmo, só acontece nas horas erradas. Aprendi que não adianta pedir aos céus um amor de verdade, porque amores de verdade não caem do céu, assim como estrelas cadentes não passam quando queremos. É preciso bater com a cara na porta, é preciso se decepcionar, é preciso desistir. Porque o trem de algumas pessoas chega antes do horário marcado para o embarque? Porque não podemos segurar as mãos de quem amamos e impedir que se vão? Porque não temos a chance de dizer adeus? Porque somos acometidos de tristezas que não se curam com o tempo? Desistir não é fracassar. É admitir em voz alta que você insistiu por tempo demais. O desapego não é indiferença, covardia ou desinteresse. O desapego é aceitação. Soltar as algemas. Colocar asas. Se permitir voar novamente. O amor cria obstáculos, buracos e armadilhas por todo o caminho. A gente só não pode desistir. Temos que aprender a rir da própria desgraça e a encontrar a nossa felicidade até nas decepções. A solidão não é estar solteiro, é se sentir deslocado, mesmo acompanhado. Solidão é viver um amor que não existe mais. É se agarrar ao passado que já evaporou. Uma coisa que me incomoda em mim é a tal da busca contínua. Eu procuro desesperadamente pelo amor, sem saber que o amor não vem para quem procura. O amor só vem para quem já o encontrou. É. O amor-próprio, ele  mesmo. Aquele que está em falta nas lojas de todo o país. Do mundo. Talvez até do universo. Nem me apaixonar, nem me decepcionar. Eu só queria uma certa calmaria antes que viesse uma nova tempestade. Porque você sabe, elas sempre vêm. Felicidade é se sentir bem sendo a pessoa que você é, a pessoa que não precisa fingir, a pessoa que mora dentro de você. É acordar com a certeza de que você tem tudo sob controle.

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